Skyward Sword e a eterna espera por um novo Zelda

Mais um ano, mais um Zelda. Não somente mais um Zelda, mas uma nova manifestação desse fenômeno que é a franquia "The Legend of Zelda". O hype, o mito, a falácia. Quando se trata disso, a experiência começa muito antes de colocar o disco no console, e termina bem depois de vencer o último chefe. 


Zelda oferece um devir, uma razão de ser a angústia de cada jogador. Ficamos apreensivos quando terminamos um jogo ("Quando sairá o próximo?"), quando o próximo é anunciado ("Será que vai superar minhas expectativas?"), quando estamos jogando ("Quando será que vai terminar?") e novamente ao terminarmos. No meio desse ciclo surgiu o anúncio de Skyward Sword, e a partir daí nossas vidas tornaram-se uma eterna espera pelo lançamento. 


Aquela espera amistosa, um friozinho agradável na barriga. Uma boa lembrança para quando se está cabisbaixo: "Um novo Zelda me espera no futuro". Como aguardar um amigo querido retornar de uma longa viagem. 


É isso que Zelda ? e, neste caso, Skyward Sword ? nos proporciona: algumas horas com velhos e novos companheiros de jornada. E desde Ocarina of Time não tínhamos a oportunidade de conhecer personagens tão carismáticos. 


Curiosamente, antes de começar Skyward Sword eu havia acabado de experimentar Dark Souls e Skyrim. Agora percebo o quanto foi agradável "mergulhar" em Skyloft depois de passar algumas horas (não terminei nem Skyrim nem Dark Souls) em universos tão sombrios e impessoais. Skyward Sword tem cenários coloridos, personagens caricatos e carismáticos, trilha sonora marcante etc. Ou seja, uma experiência estética completamente diferente do que os RPGs mainstream HD proporcionam.







É essa experiência que torna o jogo tão imersivo e prazeroso. Somos todos seres extremamente simbólicos, e manifestamos isso ao buscar significado nos objetos e símbolos com os quais nos relacionamos. Skyward Sword oferece uma aventura em dupla, nos oferece um companheiro, que é Link. Não personificamos o personagem, mas o acompanhamos, ajudamos na sua jornada. Compartilhamos medos, desafios e vitórias. Essa é a nossa forma de manifestar nosso "eu-simbólico", de nos afirmar a partir do outro. Cada personagem em Skyward Sword nos oferece uma virtude da qual sentimos falta em nós mesmos, e consequentemente buscamos no outro. 

Passamos dezenas de horas explorando, buscando novos personagens, resolvendo seus problemas, pois dessa forma resolvemos os nossos (simbolicamente, é claro). Essa necessidade simbólica nos faz saborear cada detalhe, cada diálogo, cada sidequest. Para os nostálgicos, cada referência ao universo de Zelda é apreciada com um sabor especial, como a renovação de uma experiência que lembramos com apreço. 

Skyward Sword equilibra com maestria a nostalgia e o novo. Consegue suprir tanto a necessidade dos jogadores de Zelda por renovação, quanto encantar os novos jogadores mantendo a essência da franquia. Ele nos oferece um encantamento final fantástico (em contraponto a um deslumbramento passageiro de outros games citados previamente), convidando-nos para não somente observar de forma impessoal o desenvolvimento de uma narrativa, mas para construí-la junto aos personagens, satisfazendo nossa necessidade por significação. 



FONTE : Game Vicio

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